PENSAR E CRIAR




O PADéCA propõe projetos de aprendizagem que acolham e trabalhem de forma integrada as diversas e diferentes potencialidades de cada indivíduo: aprender com a cabeça, com o coração ou com o movimento do corpo. Existem muitas formas de aprender, nomeadamente para apreender e elaborar informação: algumas pessoas respondem melhor a estímulos visuais, auditivos, a movimentos ou gestos, pode-se memorizar pela reprodução da informação, mas também a partir de conversas, de experiências e exercícios criativos. O importante é estarmos conscientes de que o corpo humano tem mais recetores e formas de trabalhar a informação do que o próprio cérebro e de que para se poder raciocinar bem (hemisfério esquerdo) é necessário que conheçamos, primeiramente, a arte de imaginar e de criar (hemisfério direito), pois a aprendizagem não é um exclusivo resultado do raciocínio e de relações lógicas nem é um resultdo isolado da cognição, mas decorre do envolvimento afetivo, emocional e espiritual de cada indivíduo com o objeto a ser percebido. Sem envolvimento não pode ser esperado um comportamento de interesse nem o despontar da curiosidade por parte dos alunos.

 
Por outro lado, o importante papel desempenhado pelo raciocínio na definição e elaboração de conceitos, como na relação estabelecida entre eles ao longo da aprendizagem e da construção de novas representações mentais, poderá ser impulsionado e complementarizado pelo trabalho da imaginação criadora: «Podemos afirmar que, para resolver um problema, trata-se muitas vezes de ultrapassar as primeiras ideias, de vencer hábitos…de dar provas à imaginação» e à criação livre de imagens, emanadas do ato conjunto entre sentimento e vontade.

O exercício e cultivo da nossa capacidade criativa e criadora - a imaginação - é absolutamente necessário para se descobrir outras formas de resolução dos problemas, fazer novas relações, transpor domínios fechados e paradigmas de execução pré-estabelecidos. Para além de apoiar e fortalecer o trabalho do raciocínio.

Aprender significa adquirir uma nova representação mental, fazer novas conexões neuronais e ajustá-la às estruturas mentais já estabelecidas, requerer do conhecimento anteriormente adquirido os fundamentos para uma nova experiência de aprendizagem rumo ao desenvolvimento de novas capacidades e competências.

A este propósito J. Berbaum afirmou:

«Esta construção [referindo-se às representações mentais] pode utilizar uma das três vias – ou as três simultaneamente – que são o pensamento, o sentimento e a vontade. Podemos aprender através da cabeça, através do coração e através do corpo. Digamos, simplesmente, que a memorização pode fazer-se essencialmente através do raciocínio (a partir do conteúdo racional), através do ritmo (a partir das sonoridades ou da estrutura visual) e através do movimento (a partir dos gestos, das deslocações) que estão associados às informações a reter. Procuraremos utilizar as três vias, tanto quanto possível, pois no momento da restituição cada uma delas facilita o funcionamento da outra.».


Jean Berbaum, Desenvolver a capacidade de Aprendizagem,1992.


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